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Mulher Não Tem que “Se Dar ao Respeito”: Ela Deve Ser Respeitada e Ponto

Respeito não é uma concessão, é um direito.


Toda pessoa tem o direito de ser respeitada – seja qual for a roupa, o cor da pele, a condição física ou mental . Respeito não depende de nada além do fato de sermos humanos.

É incrível que, mesmo hoje, tantas mulheres ainda ouçam conselhos como “se dê ao respeito” diante das atitudes desrespeitosas que enfrentam. Quando meninas e mulheres relatam abusos ou assédio, a sociedade ainda tenta colocar sobre elas uma responsabilidade que não cabe. A ideia implícita de que “elas provocaram” ou “não se deram ao respeito” só reforça uma cultura que, historicamente, trata a mulher como culpada e o homem como incontrolável.

Vamos ser claros: respeito não é uma concessão nem um favor que alguém faça ao outro. Respeito é um direito humano fundamental. E não, ele não deve depender da roupa que ela usa, de onde ela está, do cor da sua pele, do seu nível social, da sua condição física ou mental. Toda pessoa tem o direito de ser respeitada por quem ela é, e ponto final.


A Armadilha do "Se Dar ao Respeito"


A frase “as meninas devem se dar ao respeito” carrega consigo a ideia de que, de alguma forma, as mulheres são responsáveis ​​pelas ações dos homens. Colocar a culpa sobre a vítima é desviar o foco de quem realmente deveria ser responsabilizado: o agressor. Afinal, o respeito e a integridade física e emocional de uma pessoa não são condicionados ao que ela faz, veste ou diz; são um direito básico e universal.

Esse pensamento, profundamente enraizado, afirma que os homens são apenas "assim mesmo" – impulsivos, incontroláveis, incapazes de regular suas atitudes diante da presença de uma mulher que, aos olhos deles, “não se dá ao respeito”. Mas será que é isso mesmo? Esse esclarecimento, além de absurdo, reforça uma visão machista e destrutiva de que o homem não tem responsabilidade pelo próprio comportamento.


Homens, Está na Hora de Assumirem seus BOs


A realidade é que os homens precisam assumir os seus próprios atos e começar a fazer parte da mudança cultural. Devemos parar de reforçar uma narrativa onde a mulher precisa “se comportar” ou “se dar ao respeito” para que o homem a trate como humano. Esse tipo de atitude apenas mantém o peso sobre as costas das mulheres, e muitas vezes, elas carregam a culpa e a vergonha por abusos que não cometeram.

Assumir essa responsabilidade significa que os homens devem mudar a maneira como tratam as mulheres em seu dia a dia e, caso não o faça, que haja punição adequada. Os homens também devem fazer parte da luta contra a violencia sexual e a banalização do abuso dentro dos seus circulos de convivência e parar de passar pano quando alguém próximo comete um abuso ou assédio. É preciso parar de naturalizar atitudes predatórias e começar a questionar a própria educação e as próprias opiniões que, muitas vezes, encobrem e normalizam atitudes abusivas.


O Respeito Não Tem "Mas" ou "Se"


Não existe "mas ela estava usando uma roupa curta", nem "se ela não tinha ido sozinha". O respeito pelo corpo e pela autonomia das mulheres não é negociável. Todo corpo tem o direito de estar em qualquer espaço sem ser violado. É inaceitável que, em pleno século XXI, as mulheres ainda sejam vistas como responsáveis ​​por prevenir o abuso de quem as ataca.

Este é um chamado para a sociedade parar de transferir a responsabilidade do respeito para com as mulheres. O problema nunca foi o que elas usam, onde vão, ou como se comportam. O problema são as atitudes de quem ainda acha que pode controlar o corpo e a liberdade delas. É o agressor que precisa ser punido e reeducado, não uma vítima.


Uma Mudança Necessária e Urgente


Para transformar a sociedade, homens e mulheres precisam trabalhar juntos. Os homens precisam mudar seu comportamento e ajudar a desfazer esses padrões. Já passou da hora de abandonar a ideia de que a mulher precisa se resguardar, de que “é assim que as coisas são”, e entender que todos nós, como sociedade, temos um papel ativo em garantir o respeito incondicional a todos.


Hector Todisquine de Oliveira

Biólogo, Pós graduado em exologia e Neurociencia e Comportamento

Educador e Terapeuta

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